BEM X MAL
Você sabe, realmente, distinguir o bem e o mal? Se a resposta é sim; você tem certeza que sabe distinguir o bem e o mal? Você sabe quantas perguntas tem no Livro dos Espíritos sobre este tema?
No primeiro momento achamos que bem e mal é como o líquido e o sólido, inconfundíveis. Kardec é tão perspicaz, tão atento e tão lúcido com a sua consciência crítica que conseguiu fazer 18 perguntas aos Espíritos sobre o bem e o mal, e eu fiquei impressionadíssima quando li a questão 630 – Como se pode distinguir o bem e o mal?
A Doutrina nos incentiva ao raciocínio, a busca da verdade, pois a verdade nos libertará das amarras da ignorância, então podemos parar para refletirmos: Eu mantenho minha mente lúcida para raciocinar e buscar a verdade?
Porque será que Paulo sentia e falou: "O mal que não quero, faço. O bem que quero, este não faço". Este foi um dos momentos do seu processo de autoconhecimento, e quantos de nós vivenciamos este fato sem se dar conta deste raciocínio, justamente por não estarmos atentos ao autoconhecimento, seguindo a orientação dos Espíritos “conhece-te a ti mesmo”. Você já teve esta experiência de conflito interno e ter a consciência do mal que fez? No fundo queremos que haja o bem em toda parte e se sabemos que o bem é bom, porque vivenciamos este conflito de Paulo? E mais uma vez lemos uma nota de Kardec na pergunta 635, que em suas palavras há o seguinte ensinamento: “Cabe à razão distinguir as necessidades reais das necessidades artificiais ou convencionais.”
Diante desta frase profunda do mestre, precisamos vasculhar todo o nosso ser, precisamos com urgência chamar nossa razão. Você conseguiria fazer uma lista com 5 itens das suas necessidades reais? Das necessidades artificiais ou convencionais? Será que nós nos damos conta que a origem do nosso sofrimento, do nosso apego e da nossa confusão entre o bem e o mal se dá por não raciocinarmos sobre nossas necessidades? As vezes dentro do padrão das necessidades convencionais fazemos de conta que o mal não existe e usufruímos da situação. Kardec nas suas perguntas nos coloca nos trilhos do bem dissolvendo as nossas desculpas e distrações e nos chamando a razão, quando vai se aprofundando no tema e lança uma questão perturbadora para as mentes entorpecidas, perguntando, 640-Aquele que não faz o mal, mas se aproveita do mal feito por um outro, é culpado da mesma forma? Pronto! Kardec nos acorda com autoridade, pois os Espíritos respondem: “É como se o cometesse, ao tirar proveito participa dela, talvez não pratique a ação, mas se, ao encontrar tudo feito, faz uso disso, é porque a aprova, e ele mesmo o faria se pudesse, ou se ousasse.”
Diante esta orientação só nos resta raciocinar, refletir sobre nossa existência, nossas tendências e não se envergonhar das más escolhas se a tivermos feito até agora, nem desanimar por se sentir entrelaçado com o mal, mas que estas reflexões e conclusões sejam remédios fortalecendo a potência da alma da vontade, que esta vontade de acertar, de agir no bem, de ser bom seja uma usina alimentada pelo estudo da Doutrina, pelo trabalho no bem pelo pensamento correto. Vamos usar todas as ferramentas que sabemos, vamos usar a prece e o pensamento para ficarmos juntinhos dos amigos espirituais, de Kardec, de Jesus, e vamos, a cada instante, a cada decisão, a cada reflexão, usar a razão para localizar em nós a origem do mal, combate-la e vencer.
Finalizando com o bálsamo da questão 631 – O homem tem, por si mesmo, meios de distinguir o bem do mal? Sim, quando crê em Deus e de fato quer saber porque Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro.
Artigo publicado na Revista dos Estudos Espíritas